Marchas das Vadias reúnem milhares de mulheres em várias partes do Brasil

23 de maio de 2013 1 Comentário »
Marchas das Vadias reúnem milhares de mulheres em várias partes do Brasil

Fotografia: Aline Corrêa - Arte gráfica: Raquel Pinheiro — com Nat Duchampa

A partir desta semana, acontecem Marchas das Vadias em inúmeras cidades brasileiras. Principalmente pela internet, por meio de redes sociais, surgem convites para estas mobilizações que a cada ano surpreendem pela participação de mulheres e homens para protestar contra a violência à mulher.

O Jornal Mulier  entrevistou representantes de duas Marchas das Vadias, de São Paulo e de Belo Horizonte. Ambas concordam com a crescente adesão da população ao movimento. Segundo o Coletivo Marcha das Vadias SP, as pessoas que comparecem normalmente são feministas ou já têm alguma afinidade com o movimento, mas o coletivo destaca a participação massiva de mulheres jovens. Isso “demonstra um interesse crescente e renovado por uma filosofia que defende a igualdade, a dignidade e a liberdade para todas as pessoas”.

Já para Adriana Torres, da Marcha das Vadias de BH, apesar da crescente mobilização e maior visibilidade das Marchas, “ainda existe um grande caminho a percorrer, principalmente para acabar com a ideia de que a Marcha faz apologia a esse ou aquele comportamento (como tirar a roupa, por exemplo). Isso não existe, a Marcha tem por objetivo questionar a falsa ideia de que uma mulher é ‘estuprável’ por causa do seu comportamento ou de suas roupas e que cada uma deve se sentir livre para vestir/agir de acordo com suas escolhas, desde claro que essas escolhas não causem dano a um terceiro”.

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Foto: Rodrigo Rodriguez – Marcha das Vadias de Brasília 2012

Para o Coletivo Marcha das Vadias de SP, desde a promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, a questão da violência contra a mulher vem sendo cada vez mais discutida, e as mulheres começam a enxergar como violência ações antes naturalizadas, como o assédio verbal nas ruas e a violência psicológica. “Além disso, a visão de que a mulher muitas vezes é quem ‘provoca’ o ato violento está bastante disseminada. É contra essas ideias que lutamos”, ainda é necessário muita conscientização sobre a gravidade de todo tipo de violência, afirma.

A integrante da Marcha de Belo Horizonte ressalta a necessidade de desnaturalizar a violência contra a mulher, “acabar com a tolerância a essa violência deve ser a principal bandeira do feminismo hoje. A cada três minutos uma mulher é violentada no Brasil. O Mapa da Violência 2012 mostra que, em um grupo de 87 países, o Brasil ficou em 7º lugar em número de agressões contra as mulheres”. Além desses dados preocupantes, “a sociedade culpa a mulher pela agressão sofrida, e a própria mulher acaba acreditando nisso. É preciso chegar até essas mulheres, trabalhar cada comunidade, cada nível social. Esse é o grande desafio”, acrescenta Adriana Torres.

A Marcha das Vadias acontece desde 2011. Tornou-se um movimento internacional quando, no mesmo ano, em Toronto, no Canadá, mulheres se indignaram com comentários de um policial. Este disse que para evitar estupros no campus de uma universidade as mulheres não deveriam se vestir como “sluts”, vadia em português. Dessa forma, 3 mil mulheres saíram às ruas para protestar contra o discurso de responsabilização da vítima nos casos de todo tipo de violência contra a mulher, ganhando simpatizantes em vários países, onde a cada ano acontecem Marchas envolvendo um número crescente de pessoas. As manifestantes ressaltam nas Marchas a necessidade de reconhecimento de sua autonomia e dignidade, sua liberdade de ir e vir sem medo de sofrer violência ou ser vista como objeto sexual.

A Marcha das Vadias de São Paulo e a de Belo Horizonte acontecem sábado, dia 25/05.

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Foto: Rodrigo Rodriguez – Marcha das Vadias de Brasília 2012

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Fotos: Raiane Marra Assunção - Marcha das Vadias de Brasília 2012

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1 Comentário

  1. Aldima Araujo maio 24, 2013 at 22:37 - Reply

    Apoio totalmente qualquer movimento para a DEFESA DA MULHER, também bem melhor que E CONTRA A VIOLÊNCIA Á MULHER, homem, negro, branco, crianças, adolescente, animais, gays, lésbicas, pássaros, flores, árvores…enfim, sou a favor da PAZ E HARMONIA. A MARCHA por quê vadia, fala sério? Se alguém ou alguma mulher chamar a outra de vadia, vai ter confusão…Sugira até um enquente em rede social, A MARCHA, poderia ser interessante, o que acham? Outra coisa…PROSTITUIÇÃO NÃO É PROFISSÃO, sabe por quê, olha quanta desgraça acontece ao realizar esse “TRABALHO”?? PROSTITUIÇÃO é a pior forma de humilhação…outra coisa, a tv brasileira não ajuda muito, sempre mostrando a mulher como uma coisa fácil, para o prazer do homem. Tem tv meio norte de terezina, que transmite um madrugada harém, que vou te contar, se aquilo não é uma fábrica de tarados e apologia à prostituição totalmente voltado para os homens, dizem que a band também,…vejam isso também…está tudo muito espetaculoso, não é questão se a mulher pode ou não usar saia curta, ela está a todo o tempo sendo treinada para servir sexualmente ao homem. Quando ele quer e ela não mata, quando ela quer e ele não ele mata. pense…

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