Em mais uma atitude merecedora de elogios, o papa Francisco nomeou 37 mulheres para formar uma Comissão feminina que vai assessorar o Pontifício Conselho para a Cultura, a fim de propor diversas iniciativas e atividades. A criação da comissão reflete a preocupação do pontífice em reconhecer a importância das mulheres na Igreja Católica e na sociedade.
Entre as participantes, estão mulheres de diferentes áreas, como jornalismo, teologia, ciência, esporte e política, que vão se reunir quatro vezes ao ano. O objetivo é trabalhar em consonância e dialogar com as diversidades, as religiões e os inúmeros campos onde as mulheres atuam, acreditando que a pluralidade é o pressuposto da ação humana.
Desde quando assumiu o pontificado, Francisco tem dado declarações sobre a importância das mulheres dentro da Igreja, assim como crianças e velhos. Em 2014, e discurso durante a Comissão Teológica Internacional, destacou a grande presença feminina no evento e convidou todos a refletirem sobre o papel que as mulheres podem e devem desempenhar no campo da teologia.
O papa disse ver com prazer como muitas mulheres oferecem novas contribuições para a reflexão teológica. “As teólogas podem relevar, em benefício de todos, certos aspectos inexplorados do mistério insondável de Cristo no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”, afirmou. Dessa forma, fez um convite para que todos tirem o melhor proveito desta contribuição específica das mulheres para a interpretação da fé.
Em 2016, o pontífice criou outra comissão especial, formada por mulheres e homens, para examinar o papel das mulheres na Igreja Católica e estudar a possibilidade das mesmas assumirem o papel do diácono nos primeiros anos da Igreja. Assim poderiam celebrar batismos, casamentos e funerais. Missa e confissão são reservadas ao padre.
As iniciativas têm como pano de fundo refletir sobre o papel secundário das mulheres dentro da Igreja, em sua hierarquia e nos processos de tomada de decisão, não existindo qualquer obstáculo teológico a uma maior relevância das mesmas na instituição.
Importante lembrar que Jesus não só defendia as mulheres como conversava e cercava-se delas, considerando-as pessoas inteiras, sobretudo quando são desprezadas, como no caso da samaritana – que mulher e pecadora – foi incumbida de anunciá-lo em seu povoado para que pudesse recebê-lo como profeta, sendo considerada a primeira missionária do cristianismo. Ou seja, Jesus também associou a figura feminina à atividade de pregação.
Para o jornalista e escritor espanhol Juan Arias, o profeta de Nazaré intuiu que a mulher é o símbolo mais visível do rosto compassivo e não vingativo de Deus e, por isso mesmo, temível e perigosa para o poder. Entretanto, para o historiador Jean Delumeau, a Igreja teve dificuldade em passar da teoria à prática. A igualdade preconizada pelo Evangelho cedeu diante dos obstáculos de fato, nascidos do contexto cultural no qual o cristianismo se difundiu no Oriente Médio e na Europa Ocidental da Idade Média, herança das culturas judaica e greco-romana.
Fonte
ARIAS, Juan. “Jesus: esse grande desconhecido”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
DELUMEAU, Jean. “História do medo no Ocidente: 1300-1800″. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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Adorei receber este texto.
Ótima notícia!
Obrigada. Abração!