Michelle Bachelet lança pré-candidatura à presidência do Chile

3 de abril de 2013 Comente »
Michelle Bachelet lança pré-candidatura à presidência do Chile

Primeira mulher eleita presidenta em toda a América Latina em 2006, a chilena Michelle Bachelet acaba de deixar o cargo de diretora-executiva da ONU Mulheres em Nova Iorque para concorrer a um segundo mandato à presidência do Chile nas eleições de novembro.

Bachelet é médica, integrou a Juventude Socialista do Chile, sendo presa e torturada em 1975, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973 a 1990), que depôs o governo socialista do presidente Salvador Allende. Após um ano de reclusão, exilou-se com a mãe na Austrália e depois na Alemanha Oriental, voltando ao Chile em 1979. Foi ministra da Saúde entre 2000 e 2002 e ministra da Defesa de 2002 a 2005, neste caso, tornando-se a primeira mulher a ocupar este cargo na América Latina.

O bom trabalho nos cargos ministeriais ocupados garantiu a vitória à presidência em 2006. Nos primeiros dois anos de governo, ela enfrentou crises, como grandes mobilizações estudantis e problemas com a implementação de um novo sistema de transportes na capital Santiago.

Também teve que enfrentar muitos preconceitos até em virtude de suas características: além de mulher, é socialista, agnóstica, divorciada e sem os estereótipos esperados em um país reconhecidamente católico e machista. Sofreu com forte oposição política e dos meios de comunicação, que tentavam desqualificá-la como pouco preparada para liderar o país.

Como afirma Patricia Politzer, autora do livro “Bachelet en tierra de hombres”, a insistência em qualificá-la como pouco preparada para liderar levou a presidenta a dizer publicamente que tais afirmações estavam relacionadas ao machismo da sociedade chilena, argumentando estar perfeitamente capacitada para tomar decisões, mas para demonstrar autoridade não estava disposta a grunhir, gritar ou ser uma déspota.

Sua popularidade chegou ao mais baixo nível em 2007. No entanto, em virtude de medidas sociais importantes adotadas em seu governo, como a gratuidade do sistema público de saúde a maiores de 60 anos e a criação de uma comissão especial para trabalhar a reforma do sistema previdenciário, a crise econômica mundial não atingiu o Chile com tanta intensidade como aconteceu em outros países, ajudando a aumentar a popularidade da presidenta a partir daí.

Michelle Bachelet também foi elogiado por políticas públicas dirigidas às mulheres, principalmente àquelas chefes de família e mais pobres, assim como um comprometimento com assuntos relacionados aos direitos humanos. Seu reconhecimento internacional foi outro trunfo para que recuperasse a credibilidade e terminasse seu mandato com 80% de aprovação popular. Como no Chile não há reeleição, Michelle deixou o cargo com a população nas ruas exibindo cartazes com os dizeres “Até 2014!”.

Bachelet já é favorita ao cargo máximo do Executivo nacional chileno antes mesmo de oficializar a candidatura, tendo quase 50% das intenções de voto, segundo pesquisas eleitorais. Se eleita, a América Latina vai passar a contar com quatro mulheres na presidência de seus países: Michelle Bachelet no Chile; Cristina Kirchner na Argentina; Dilma Rousseff no Brasil; e Laura Chinchilla na Costa Rica.

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