A pesquisa “Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça 1995-2015” não traz novidades e confirma a necessidade de luta pela equidade de gênero neste mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Segundo o estudo, as mulheres estudam mais que os homens, no entanto ganham menos por estarem em menor percentual no mercado de trabalho, serem maioria entre os desempregados e ocuparem poucos cargos de poder e decisão, mais bem remunerados.
Outra constatação da pesquisa é a dupla jornada de trabalho feminina e a pouca evolução do tempo gasto pelos homens na realização de atividades domésticas. Esse tempo só é reduzido nas famílias com maior renda, principalmente em função do uso de eletrodomésticos como máquina de lavar roupas.
Quase 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas, entre os homens, 53%;
Sobre arranjos familiares, crescem os domicílios chefiados por mulheres. O fato poderia ser comemorado, mas significa sobrecarga de responsabilidades em famílias onde as mulheres, muitas vezes sozinhas, cuidam de filhos, da casa e das contas.
Portanto, os números da pesquisa mostram que nos últimos 20 anos pouca coisa mudou. Faltam políticas públicas de empoderamento e responsabilização conjunta por parte do Estado e da sociedade em relação às mulheres para uma mudança de mentalidade e de atitudes.
Necessitamos de creches públicas de qualidade e programas de incentivo às mulheres para ocupação de espaços onde se têm maiores salários, a exemplo da área de tecnologia.
Também são importantes campanhas contra estereótipos de gênero, que reservam lugares a homens e mulheres na sociedade, evitando pensamentos infelizes como o do Senhor Michel Temer no Dia Internacional da Mulher, que reduziu a importância da mulher na sociedade ao cuidado do lar, da educação dos filhos e na pesquisa de preços nos supermercados.
Confirmando tais preocupações, pesquisa IBOPE/ONU Mulheres recém-divulgada afirma a importância das políticas públicas municipais para a promoção da igualdade de gênero.
Para 77% de entrevistadas(os), são muito/extremamente importantes políticas públicas que incentivem as mesmas oportunidades de acesso e desenvolvimento na educação e na cultura. 78% consideram muito ou extremamente importante que as prefeituras e câmaras municipais promovam políticas que incentivem o acesso de mulheres e homens as mesmas oportunidades de trabalho e mesmos salários. E 69% consideram muito/extremamente importante que prefeitos/as, prefeitas, vereadoras e vereadores promovam políticas visando assegurar oportunidades iguais de atuação em partidos políticos e governos para mulheres e homens.
Confira alguns números do “Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça 1995-2015″:
. 40% das brasileiras são chefes de família, há 20 anos, eram 23%;
. A taxa de participação feminina no mercado de trabalho oscilou entre 54-55%, entre os homens chega a quase 80%;
. A taxa de desocupação feminina era de 11,6% em 2015, enquanto a dos homens foi de 7,8%;
. Quase 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas, entre os homens, 53%;
. A jornada média semanal das mulheres supera em 7,5 horas a dos homens (53,6 horas delas contra 46,1 deles).
Fonte: Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres) e SPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres do Ministério da Justiça e Cidadania).
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Querida e competente amiga Alessandra!
Sempre nos atualiza de dados importantes de nossa historia, de nossa jornada, incentivando a continuarmos lutando por nossos ideais e demandas, a acreditar que vale a pena , a valorizar nossa existência neste mundo, que muitas vezes nos desvalorizam e ignoram.
Parabéns amiga!
E ainda existem moças que me falam do Feminismo apenas como algo do passado. Que hoje está fora de moda…