Campanha global alerta para violência sofrida por meninas trabalhadoras domésticas

18 de junho de 2013 Comente »
Campanha global alerta para violência sofrida por meninas trabalhadoras domésticas

Foto: OIT

A luta pelo fim do trabalho infantil uniu o Escritório Regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe e a campanha do secretário-geral das Nações Unidas “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres” à campanha global da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que pretende chamar a atenção para a violência sofrida por meninas trabalhadoras domésticas.

Estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) diz que cerca de 150 milhões de crianças com idades entre 5 e 14 anos estão envolvidas em trabalho infantil nos países em desenvolvimento, 7,4 milhões delas realizando trabalhos domésticos, em sua grande maioria meninas, segundo a OIT.

Como afirma relatório do UNICEF, o trabalho infantil doméstico é classificado como um trabalho de alto risco principalmente para as meninas. Estima-se que existam mais meninas menores de 16 anos trabalhando no serviço doméstico do que em qualquer outra categoria de trabalho infantil, afirma a OIT.

Entre os tipos de violência mais comuns enfrentados por estas jovens trabalhadoras, estão longas jornadas de trabalho, violência física, como puxões de cabelo, queimaduras com água fervente ou com ferro de passar,  negação de alimentos, além de violência psicológica, a exemplo de gritos, insultos, ameaças e linguagem obscena.

Assédio e violência sexual são outros problemas. Muitas sofrem estupros, ficam grávidas e podem ser demitidas, não raro também sendo expulsas pelas próprias famílias de casa e acabam nas ruas, ficando expostas à exploração pela prostituição por falta de opção.

Tais situação acontecem pela natureza do trabalho doméstico. “Fechada nos lares, o isolamento das crianças e a natureza ‘invisível’ do emprego colocam estas meninas e meninos em situações de risco considerável. Eles estão à mercê do empregador e de outros membros da família”, afirma a ONU.

Em El Salvador, 66% das meninas no serviço doméstico disseram ter sido abusadas, sendo constante a ameaça de propostas sexuais por parte dos empregadores ou visitantes. No Peru, quase todas as crianças trabalhadoras domésticas relataram ter sofrido maus-tratos em forma de castigo físico, discriminação, humilhação e assédio sexual.

Mas, o que mostra-se mais grave, ao analisar o estudo do UNICEF, é a constatação da maioria dos atos de violência física e psicológica contra crianças e adolescentes no trabalho doméstico ser cometido por mulheres, geralmente as empregadoras. Ou seja, são mulheres explorando outras mulheres. Já as agressões sexuais são praticadas pelos homens que vivem na casa. No entanto, toda a família reage em cumplicidade com o agressor quando descoberto o abuso.

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