8 de março: pouco a comemorar, segundo a Anistia Internacional, mas há esperanças

8 de março de 2018 1 Comentário »
8 de março: pouco a comemorar, segundo a Anistia Internacional, mas há esperanças

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Para as mulheres, discriminação e desigualdade continuam a predominar em todo o continente americano, afirma o Informe 2017-2018 da Anistia Internacional “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”.

Na América Latina e no Caribe, a situação é ainda pior, porque é a parte do planeta mais violenta do mundo para as mulheres, apesar de leis rigorosas. A região apresenta a maior taxa mundial de violência contra as mulheres cometida por outros que não o parceiro íntimo, ou seja, marido, namorado, companheiro. Também tem a segunda maior taxa de violência praticada por parceiros íntimos.

As causas para essa violação de direitos contra mulheres e meninas, segundo a Anistia Internacional, são a impunidade arraigada para crimes como estupro, assassinato e ameaças, muitas vezes sustentada por uma fraca vontade política, por recursos limitados para investigar e levar os responsáveis à Justiça, e uma cultura patriarcal e machista.

Houve aumento de feminicídios na República Dominicana, mais mortes de mulheres em posição de liderança na Colômbia e perseguição política ao grupo Damas de Branco em Cuba, mulheres familiares de pessoas detidas por razões políticas na ilha.

Por outro lado, há boas iniciativas: o governo federal do Canadá lançou uma estratégia para combater a violência de gênero e se comprometeu a colocar os direitos das mulheres, a igualdade de gênero e direitos sexuais e reprodutivos no centro de sua política externa. No Paraguai, uma lei para combater a violência contra as mulheres entrou em vigor e, na Colômbia, organizações de mulheres conseguiram incluir no Acordo de Paz entre governo e o grupo guerrilheiro Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) o compromisso de que pessoas suspeitas de terem cometido crimes de violência sexual sejam levadas a responder perante os tribunais de justiça de transição.

Outra boa notícia que nos enche de esperanças por dias melhores é a mobilização feminina em toda a América contra a privação de direitos. O Informe cita, na Argentina, os protestos contra o feminicídio e a violência contra mulheres e meninas. Conhecida como “Ni Una Menos”, ganhou a adesão de vários países da região, com milhares de pessoas se engajando nas ruas e nas redes sociais.

Outro exemplo de mobilização massiva importante de ser lembrado aconteceu nos Estados Unidos nos dois últimos anos. A Marcha das Mulheres repudia o sexismo e as políticas do presidente Donald Trump e questiona a desigualdade de gênero. Além disso, está mobilizando as norte-americanas a participarem mais da política.

A esperança é que tais movimentos inspirem as brasileiras a também se organizarem, principalmente na luta contra a perda de direitos que vem ocorrendo no atual governo, a exemplo da reforma trabalhista e previdenciária, corte de verbas para saúde, educação e combate à violência contra as mulheres, além de retrocessos em leis sobre saúde sexual e reprodutiva.

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1 Comentário

  1. Constancia Lima Duarte março 8, 2018 at 12:57 - Reply

    Sou mais otimista. Olho para traz e vejo o tanto que foi conquistado e gosto de comemorar as vitórias. Mas com certeza ainda há muito caminho pela frente. E muito o que batalhar. A naturalização da violência contra a mulher, por exemplo, parece ser nesse momento a mais urgente entre nós.
    E viva o Mulher que voltou para ser a nossa voz! Viva Alessandra!

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